quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Descobertas bases genéticas do envelhecimento


Pela primeira vez, foram identificadas variantes genéticas claramente ligadas ao envelhecimento biológico nos seres humanos. O resultado poderá permitir perceber por que é que não somos todos iguais perante a velhice.

Todos temos duas idades – a cronológica (os nossos anos) e a biológica (a idade das nossas células) –, que nem sempre são equivalentes. É por isso que certas pessoas idosas conservam a juventude arterial e mental e outras, mais novas, desenvolvem doenças coronárias ou demências senis. Uma medida dessa idade biológica são os telómeros, umas pequenas sequências genéticas repetitivas situadas nas extremidades dos cromossomas. Os telómeros vão-se encurtando, mais ou menos depressa, à medida que as células se dividem e envelhecem.

Nilesh Samani, da Universidade de Leicester, e colegas – cujos resultados acabam de ser publicados na revista Nature Genetics – descobriram agora, pela primeira vez, que os telómeros das pessoas portadoras de certas variantes genéticas pontuais (de certos “marcadores”, os single nucleotide polymorphisms ou SNP) eram mais curtos do que os das não portadoras – fazendo com que as portadoras fossem biologicamente mais velhas do que as outras apesar de terem a mesma idade em anos. As variantes (são duas) estão situadas no cromossoma humano 3, uma de cada lado de um gene chamado TERC, conhecido pelo seu papel na manutenção do comprimento dos telómeros – o que sugere que possam estar a assinalar que o gene TERC funciona, nos portadores, de forma menos eficiente.

“O que o nosso estudo sugere é que certas pessoas estão geneticamente programadas para envelhecer mais depressa”, diz o co-autor Tim Spector, do King’s College de Londres, num comunicado. “O efeito foi considerável, equivalente a [vários] anos adicionais de idade biológica (...). E as pessoas portadoras destas variantes poderão envelhecer mais depressa ainda se forem expostas a ambientes ‘maus’ para os telómeros: tabagismo, obesidade ou falta de exercício – acabando por desenvolver um maior número de doenças ligadas ao envelhecimento.”

O estudo exigiu a leitura de uns 500 mil SNP espalhados pelos genomas de mais de 3000 pessoas. No caso de uma das duas variantes identificadas, 55 por cento da população estudada não apresentava essa variante, 38 por cento era portadora de uma cópia e sete por cento de duas (uma vinda do pai e uma da mãe). Em relação aos não portadores da mesma idade cronológica, uma cópia da variante correspondia em média a mais três a quatro anos de idade biológica e duas cópias a mais uns oito anos.

Fonte: Ana Gerschenfeld, Público

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